sexta-feira, 24 de outubro de 2008

No século XX

Homem, não vale o cérebro vulcâneo
Votado à ciência que te desconforta,
Na vocação para a matéria morta
Que extravasa, terrível, de teu crânio.

Cogumelo que pensa subitâneo
Emparedado em cárcere sem porta,
Se preferes a espada, que te importa
A grandeza dum átomo de urânio?

Foge à extrema penúria que te aguarda
A inteligência lúbrica e bastarda,
Incauta penetrando abismos tredos...

Não prossigas sem Deus, cindindo os ares!
Ai da Terra infeliz se decifrares
Toda a extensão dos cósmicos segredos!


Augusto dos Anjos
Poetas Redivivos - F. C. Xavier