sábado, 6 de novembro de 2010

35. (Tagore - Gitanjali)

Onde o espírito vive sem medo e a fronte se mantém erguida;

Onde o saber é livre;

Onde o mundo não foi dividido em pedaços por estreitas paredes
domésticas;

Onde as palavras brotam do fundo da verdade;

Onde o esforço incansável estende os braços para a perfeição;

Onde a clara fonte da razão não perdeu o veio no triste deserto de areia do
hábito rotineiro;

Onde o espírito é levado à Tua presença, em pensamento e ação sempre
crescentes;

Dentro desse céu de liberdade, ó meu Pai, deixa que se erga minha Pátria.

domingo, 25 de julho de 2010

Oração Lakota

Wakan Tanka, Grande Mistério
Ensina-me a confiar
Em meu coração,
Em minha mente,
Em minha intuição,
Em minha sabedoria interna,
Nos sentidos do meu corpo,
Nas bençãos do meu Espírito,

Ensina-me a confiar nessas coisas
Para que eu possa entrar no meu
Espaço Sagrado
E amar muito além do medo
E assim caminhar na beleza
Com o passo do glorioso Sol.


Para os Lakota (Sioux) o Espaço Sagrado é o espaço entre o inspirar e o expirar (estar vivo e pleno aqui e agora). Caminhar na beleza é ter o céu (espiritualidade) e a terra (físico) em harmonia. - in A Lenda da Pequena Flor - romance espírita de Luiz Sergio Gomes.

sábado, 24 de julho de 2010

do aborto e do direito à vida

Traz consigo sublimes objetivos,
Cada serzinho que ao orbe retorna -
São resgates, missões, é tanta prova
Que são sagrados os dias vividos.

Não sei se pra nascer tenha pedido,
Ou mesmo se essa volta foi imposta.
Natural, porém e, à vida, o que importa
É seguir o seu curso, nos seus riscos.

Um aborto pode parecer saída
Ao olhar leviano, ou imediato,
Prisioneiro, nas teias da matéria...

Mas que tanta lágrima a Vida verte
Pelo que parte porque o seu contrato
Se descumpre no ventre que o recebe.


"O aborto é sempre lamentável (...) um delito muito grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e, sim, ao poder divino." Chico Xavier, in “Mandato de Amor"

Ressalva:
O Livro dos Espíritos (Questão 359):
"Dado o caso em que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
- Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe."
(do Manifesto Espírita sobre o Aborto)
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sábado, 24 de abril de 2010

Mansidão - Richard Simonetti

"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra." (MATEUS, 5:5.)

Na atualidade terrestre, o vocábulo manso tem um sentido quase pejorativo. Usá-lo para referir-se a alguém soa como um xingamento. É como dizer: "É um pobre diabo! Corre água em suas veias!"
Isto porque estamos distanciados da angelitude, e a violência é o clima próprio da personalidade humana, ainda próxima da animalidade.
Todavia, se diante da rudeza humana a condição de mansuetude parece vexatória, e quase um mal, diante de Deus representa um passo decisivo no caminho do aprimoramento moral.
O indivíduo manso é tão-somente alguém que conseguiu superar os impulsos agressivos que caracterizam o estágio evolutivo em que nos encontramos, tornando-se senhor de si mesmo.

(...)

Herdar a Terra não significa, naturalmente, que ela se tornará de nossa propriedade, e sim que viveremos aqui, quando, expulsas as forças do Mal, nosso mundo passar a um estágio mais elevado, onde predominará o Bem.

(...)

Através das vidas sucessivas, com a aplicação da Lei de Causa e Efeito, que nos obriga a receber de volta toda violência praticada, aprendemos a conter impulsos primitivos, ajustando-nos às Leis Divinas.
Ontem nos comprazíamos em utilizar a força física para humilhar e fazer prevalecer nossa vontade. Hoje ostentamos um corpo mirrado, linfático, que inibe a agressividade em potencial que conservamos.
Ontem feríamos verbalmente, difamando, mentindo, conspurcando nomes respeitáveis. Hoje, distúrbios nas cordas vocais ou limitações nos centros de coordenação da voz nos obrigam a estancar o próprio veneno, reajustando a palavra.
Ontem cultivávamos rancor e mágoa, ressentimento e ódio, espalhando vibrações deletérias e desajustantes. Hoje, trazemos a mente torturada por mil problemas que nos fazem pensar no valor do perdão e da fraternidade, do respeito e da compreensão.
Assim, a Sabedoria Divina desfaz os derradeiros laços de animalidade a que nos apegamos, preparando-nos para o voo rumo à Angelitude.

(Do Livro "PARA VIVER A GRANDE MENSAGEM", de Richard Simonetti - FEB )

sexta-feira, 12 de março de 2010

Tu me fizeste conhecido de amigos que eu não conhecia. Tu me deste assento em lares que não eram o meu. Tu trouxeste para perto o que estava distante e fizeste de um estranho meu irmão.

O meu coração se inquieta quando tenho que deixar o meu refúgio habitual; eu me esqueço que é aí que o velho permanece novo, e que aí tu também habitas.

Desde o nascimento até a morte, neste mundo ou em outros, onde quer que me conduzas, tu és o mesmo companheiro, único da minha vida infinita, que prendeu para sempre o meu coração com laços de alegria a um desconhecido.

Quando alguém te conhece, então não há mais estranhos e nenhuma porta se fecha mais. Oh, atende a minha súplica para que eu nunca chegue a perder a graça do contato desse que é o principal no jogo de muitos pares.


Tagore - Gitanjali

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Síntese das Antíteses - Lao Tse

Só temos consciência do belo,
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
Porquanto, o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age
Pelo não-agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza - e nada considera seu.
Tudo faz - e não se apega à sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina a sua obra,
E está sempre no princípio.
E por isso a sua obra prospera.


(Tradução de Huberto Rohden)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Cantiga de Esperança - Maria Dolores

Alma querida,
Por mais que o mundo te atormente
A fé simples e boa,
Por mais te lance gelo na alma crente,
Na sombra que atraiçoa,
Alma sincera,
Escuta!...
Sofre, tolera, aprende, aperfeiçoa,
Porque, de esfera a esfera,
Ninguém consegue a palma da vitória,
Sem apoio na luta.


Espera, que a esperança é a luz do mundo --
Oculta maravilha --
Que, em toda a parte, se revela e brilha
Para a glória do amor.
A noite espera o dia, a flor o fruto,
O espinho a rosa, o mármore o buril,
O próprio solo bruto
Espera o lavrador
Armado de atenção, arado e zelo...
O verme espera o sol para aquecê-lo.


A fonte amiga que se desentranha
Do coração de pedra da montanha,
Enquanto serve, passa e se incorpora
Aos encargos do rio que a devora,
E espera descansar,
Quando chegue escondida
A paz da grande vida
Que há no seio do mar.


Seja o que for
Que venhas a sofrer,
Abraça o lema regenerador
Do perdão por dever.


Leva pacientemente o fardo que te leva,
Entre o rugir do vento e o praguejar da treva...
Abençoa em caminho
Os açoites da angústia em torvo redemoinho;
Onde não possas, coração,
Entretecer a alegria de louvar,
Cala-te em oração
E segue sem parar,
Amando, restaurando, redimindo...


Edificando, em suma,
Não te revoltes contra coisa alguma!...
Ao vir a tarde mansa,
Na doce quietação crepuscular,
Quando a graça do corpo tomba e finda,
Verás como foi alta, nobre e linda
A ventura de esperar.


E, enquanto a noite avança
Para dar-te as visões de uma alvorada nova,
Nas asas da esperança,
Bendirás a amargura, a dor e a prova,
Agradecendo à Terra a bênção de entendê-las.
Subirás, subirás
Para o ninho da luz nas estâncias da paz,
Que te aguarda, tecido em radiações de estrelas!...


Então, compreenderás
Que, além do mais Além --
No Coração da Altura --
Deus trabalha, Deus sonha, Deus procura,
Deus espera também!...


(Psicografia de Chico Xavier - Poetas Redivivos)