sábado, 14 de março de 2009

Fizeste-me eterno, tal foi o Teu prazer. Este vaso frágil, Tu o esvazias a todo momento e o manténs sempre cheio de vida fresca.
Levaste pelos montes e vales esta pequenina flauta de cana silvestre, e soprando-a espalhaste melodias eternamente novas (...)

Não sei como cantas, ó meu mestre! Mas ouço-Te sempre em silencioso deslumbramento.
A Tua música ilumina o mundo. O sopro de vida da Tua música voa de céu em céu. A torrente santa da Tua música atravessa qualquer obstáculo pedregoso e espalha-se por todas as partes. (...)

Minha vaidade de poeta morre de vergonha diante do Teu olhar. Sentei-me a Teus pés, ó mestre e poeta. Deixa apenas que eu torne a minha vida simples e reta como uma flauta de cana silvestre, para que a enchas de música.

(de Rabindranath Tagore - Gitanjali - Oferenda Lírica)