domingo, 8 de março de 2009

UMA MULHER - de Lucia Constantino

à mulher - eternamente "vida, luz e amor"


Aquela mulher
que entrou no ônibus
com um fedor intenso
talvez já tenha sido um dia
um jardim suspenso.

Aquela mulher
com olhos de drogada
talvez já tenha sido um dia
uma fada.

Aquela mulher
com jeito de prostituta
talvez já teve um dia
que vender sua luta.

E chamaram-na de "entulho"
os que cheiravam a cachaça,
os que roem a vida que passa,
os que se deitam com meretrizes
porque são maridos felizes.

Afinada foi a orquestra
que acompanhou o "entulho".
Deus pode rir à beça
A espécie humana foi uma festa
e os anjos morreram de orgulho!

(Rio de Janeiro, 1990)


Poesia de Lucia Constantino
(Direitos autorais reservados)